A interrupção do ciclo de redução da taxa Selic, que se manteve em 10,5% após reunião do Copom realizada no dia 19/06, acende, mais uma vez, o alerta sobre a economia do País. Taxas de juros altas e o peso dos impostos impactam diretamente no poder de compra da população e na competitividade das empresas, dificultando o crescimento econômico e a geração de empregos. Prova disso está em uma nova pesquisa da Ipsos, intitulada “Monitor do Custo de Vida”.
O estudo, realizado semestralmente, acusa que a maior parte dos brasileiros se preocupa com esses dois fatores quando o assunto é economia. Contudo, 69% dos entrevistados acreditam que são os juros que contribuem para o aumento do custo de vida.
Os países com maior preocupação com a taxa de juros são a Coreia do Sul (81%), em primeiro lugar, a África do Sul (80%), em segundo lugar, e a Turquia (78%). A preocupação do brasileiro com o tema tem diminuído a cada nova medição da pesquisa. Em novembro de 2022, chegou a atingir 83% – sendo o segundo país mais preocupado com o tema entre todas as nações pesquisadas.
Juros e finanças
Outro dado interessante é que apenas 6% dos brasileiros entrevistados afirmam estar financeiramente confortáveis. E mais: 32% dos entrevistados no Brasil estão enfrentando dificuldades financeiras atualmente.
Por outro lado, na Argentina, nosso país vizinho, a situação é a pior: apenas 3% declaram estar vivendo confortavelmente, enquanto 57% afirmam estar enfrentando dificuldades financeiras.
Preocupação com o emprego
Atualmente, 47% dos cidadãos brasileiros acreditam que o índice de desemprego aumentará no país. Essa inquietação cresceu desde a última pesquisa feita em novembro de 2022, quando 35% dos entrevistados no Brasil demonstraram preocupação com o tema. África do Sul (73%), Turquia (72%) e Indonésia (69%) lideram o ranking deste mês nessa percepção. Isso mostra que a incerteza econômica global continua a influenciar fortemente as expectativas das pessoas em diversas partes do mundo.
Ademais, 54% dos brasileiros acreditam que os impostos aumentarão nos próximos seis meses, um pouco acima da média global de 53%. Turquia (70%), Argentina (70%) e Israel (69%) estão no topo desta preocupação. Esses dados refletem a diversidade de percepções em relação ao cenário tributário global e a expectativa de possíveis mudanças nos sistemas fiscais em todo o mundo.
Preços
Apesar da redução da inflação em vários países, a pressão dos preços altos ainda é uma realidade para a maioria dos consumidores. No Brasil, 53% acreditam que os preços continuarão a subir, um número próximo à média global (58%). Singapura (76%), África do Sul (75%) e Turquia (73%) estão entre os países mais preocupados com essa situação. Por sua vez, os argentinos estão mais otimistas em relação à inflação: menos da metade, 45%, acredita que os preços aumentarão nos próximos meses.
Otimismo com cautela
Apesar das preocupações, 32% dos brasileiros acreditam que a experiência com a crise no custo de vida tem sido melhor no país do que em países vizinhos. Em relação a outras nações, Hungria (74%), Argentina (69%) e Peru (63%) lideram o ranking de pessimismo, enquanto China (66%), Índia (51%) e Singapura (45%) apresentam uma visão mais otimista ao comparar-se com os países ao redor.
Entretanto, o otimismo brasileiro é sentido com cautela: apenas 22% dos entrevistados no Brasil acreditam que o seu padrão de vida melhorará nos próximos meses. Os argentinos também se mostram cautelosos em relação a esse tema: apenas 29% acreditam que o seu padrão de vida irá melhorar. Já a Turquia se destaca como o país mais otimista nesse sentido, com 45% das menções sendo positivas. Os Estados Unidos (17%), a China (13%), o México (15%) e a Indonésia (12%) são os mais pessimistas quanto à melhoria do padrão de vida.
Os dados integram a pesquisa “Ipsos Cost of Living Monitor“ realizada pela Ipsos em 32 países, com o objetivo de avaliar o custo de vida. O estudo contou com 24.801 entrevistados, sendo aproximadamente mil no Brasil, entre 22 de março e 5 de abril. A margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais. Esta é a terceira edição do estudo, que será conduzido anualmente para acompanhar as mudanças na sociedade.
Educação financeira
Os dados do estudo mostram que é essencial que, no Brasil, sejam implementadas políticas que busquem equilibrar a alta de juros com a carga tributária, promovendo um ambiente mais favorável aos consumidores e aos negócios. Medidas como a redução dos impostos, taxas e contribuições e a adoção de políticas de crédito mais acessíveis podem contribuir significativamente para mitigar os impactos negativos de juros e impostos na economia brasileira.
Além disso, é fundamental promover a educação financeira da população, visando conscientizá-la sobre a importância de planejar suas finanças e buscar alternativas para lidar de forma mais eficiente com esses desafios.
Por que a taxa Selic influencia tanto a economia?
A Selic é uma referência para as taxas de juros de bancos e demais instituições financeiras, sendo um relevante instrumento da política monetária nacional. Tudo se baseia na Selic: os investimentos, empréstimos, cobranças de multas e encargos do governo. Considerando isso, quando o Banco Central realiza as reuniões do COPOM e efetiva qualquer mudança na taxa de juros, ela é sentida em praticamente todo o mercado. Se a Selic sobe, todos os produtos financeiros indexados por ela terão um reajuste para cima e se ela cai, esses mesmos produtos terão um reajuste para baixo. Por isso ela tão importante.
Pensando em facilitar o entendimento a respeito do tema, o setor de Inteligência de Mercado da FCDL-MG elaborou uma cartilha, destacando o conceito, os objetivos e os impactos da taxa Selic para os brasileiros.
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Com informações de Consumidor Moderno
Notícia: https://fcdlmg.org.br/juros-e-impostos-sao-viloes-do-consumo-brasileiro/